domingo, 26 de outubro de 2008

AÇÕES AFIRMATIVAS POR INTEIRO!

“mãe, sabe porque eu gosto de você ser negra? Porque combina com a escuridão. Então quando é noite, eu nem tenho medo,...tudo é mãe e tudo é escuridão.” (Conceição Evaristo, publicado em Cadernos Negros)

As políticas de ações afirmativas chegaram ao ensino superior no Brasil como resultado da organização e afirmação de um segmento populacional que tem tido a sua cidadania negada no Brasil, vitimada pelo racismo presente em nossas instituições. A luta por reparação racial é peça fundamental de toda e qualquer transformação que pretenda assumir justiça social em nosso país. Dentro da UFBA, essa luta ganhou um espaço significativo a partir da aprovação, em 2004, do programa de ações afirmativas, fruto da mobilização de setores do movimento negro organizado dentro e fora da universidade e entidades do movimento estudantil.

A juventude negra começa a ocupar as cadeiras das universidades públicas, reclamando o direito roubado pelas elites desse país. A mudança do quadro social e racial das universidades traz as condições de transformação da produção de conhecimento e a viabilidade de democratização de mais espaços de poder.

O advento dessas políticas possibilitou a esperança e a entrada de nossas mulheres negras, marginalizadas, fadadas somente aos serviços domésticos, seguindo o curso histórico de suas mães e avós. E numa cidade como Salvador, que concentra uma população de 80% de negros e mais da metade deste percentual são mulheres, é fundamental tomar medidas para que a estrutura universitária esteja preparada para lidar com nossas mulheres negras. Assistência estudantil de qualidade, incluindo a creche universitária, já que a maioria das mães que necessitam deste beneficio são negras, da periferia ou do interior do estado; assegurando ainda a permanência e a extensão.

E o nosso objetivo é o de ajudar a desconstruir conceitos, empoderar essas mulheres e construir uma universidade verdadeiramente democrática e popular. A universidade federal da Bahia, no entanto, avançou pouco em relação ao programa aprovado em 2004. O envolvimento da comunidade com a universidade através da preparação de nossa juventude com ensino público de qualidade para entrar na universidade, a permanência do estudante e da estudante cotista e as discussões sobre a inserção da juventude negra no mercado de trabalho e na pós graduação são elementos fundamentais para a eficiência do programa enquanto política de democratização do ensino superior.

Por isso DECLARAMOS GUERRA PELAS AÇÕES AFIRMATIVAS POR INTEIRO. A reestruturação da universidade deve ser um espaço para o aprofundamento do programa e de reformulação do modelo de educação superior, com a produção do saber socialmente referenciada.

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