domingo, 26 de outubro de 2008

DECLARE GUERRA POR UMA UNIVERSIDADE POPULAR!

A reestruturação e expansão das universidades federais é o principal tema do ensino superior hoje no Brasil. Em 2003 foram ofertadas 113 mil vagas nas Instituições Federais de Ensino Superior; em 2008 foram 227 mil. No último ano do governo FHC (2002) o orçamento da UFBA - executado com recursos da União - foi de 315 milhões de reais; ano passado esta conta chegou a 652 milhões.

Abre-se um período de reformulação do próprio modelo de educação superior. A eficiência do projeto estará diretamente relacionada à capacidade de intervenção de cada setor organizado, dentro e fora da universidade, para evitar reformas conservadoras em conteúdo e ineficazes na prática.

É hora de mantermos a organização e a mobilização estudantil para assegurar que esta expansão se dê com democracia e garantindo que a qualidade das universidades não seja afetada.

Na UFBA, o modelo que vem sendo implantado é a Universidade Nova. O projeto, atualmente em fase de implementação, tem como eixo fundamental os Bacharelados Interdisciplinares (B.I.’s), ciclos básicos em grandes áreas do conhecimento (Artes, Humanidades, Saúde e Ciência e Tecnologia) com duração de 3 anos. No entanto, esse novo modelo de graduação traz lacunas que precisam ser expostas.

No próximo ano, a UFBA receberá cerca de 900 estudantes dentro desse novo modelo de graduação. O aumento da oferta de vagas que atingirá também os cursos já existentes, além de cursos novos, nos aponta de maneira imediata para um aumento correspondente em demanda por professores, servidores, estrutura física adequada, segurança e assistência estudantil. E ainda não há respostas à todas essas demandas.

A longa duração do ciclo básico, três anos, sem garantia da permanência, é uma questão a ser levada a sério. A oferta do ensino deve estar conjugada á oferta de pesquisa e extensão. A universidade deve dar condições para que cada estudante tenha direito ao pleno exercício da vida acadêmica.

O Bacharelado Interdisciplinar não pode ser uma etapa conclusiva. O modelo de formação em ciclos deve garantir ao estudante a formação profissional ou em licenciaturas, bacharelados e pós-graduação. A limitação do acesso à segunda etapa compromete a produção de conhecimento na graduação e afeta diretamente estudantes que não tenham atendidas suas condições básicas para a dedicação à vida universitária. Neste moldes, o projeto é ineficiente para a plena democratização do ensino universitário.

Além disso, o BI criará um novo funil para os estudantes adentrarem na formação específica, potencializando a concorrência interna, onde os que tiverem uma renda maior terão melhores condições de dedicação à vida universitária, reproduzindo o mesmo modelo elitista e excludente.

A universidade deve ter a capacidade de absorver todos na etapa seguinte: a formação específica. Só isto vai garantir que o estudante tenha uma carreira profissional definida e possa entrar no mercado de forma qualificada.

As políticas de ações afirmativas continuam limitadas ao acesso. A universidade precisa dar mais um passo a frente. Aprofundar o debate sobre a permanência do estudante cotista, incentivando a produção científica na graduação, alterar o caráter clássico e excludente dos currículos e retomar a escola de aplicação da universidade como mais uma política inclusiva.

Os setores organizados de dentro e fora da universidade terão o papel de interferir na reformulação da universidade, e o DCE terá um espaço fundamental nesse período. Os estudantes querem mais. Para construir uma Universidade Popular é preciso romper com a lógica da ilha detentora do conhecimento e abrir as portas e as mentes da UFBA para a Comunidade. Declare Guerra em defesa da educação pública.

Declare Guerra por uma Universidade Popular!

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